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A crise dos políticos

 

1.- Tenho a certeza de que a maioria dos portugueses não entende o “salseiro” que vai neste país com as “danças” no governo.

O povo tem na serenidade e no bom entendimento, fatores fundamentais para a manutenção do equilíbrio e da paz das famílias e das comunidades.

Por isso, quando esses valores se alteram ou se perdem, afetados são o bem-estar e a tranquilidade que concorrem para a boa convivência.

Julgava-se que estes seriam os vetores fundamentais de toda a atividade política e governativa, mas, pelos vistos, assim não é.

Assiste-se a guerras intestinas, à falta de diálogo e de convergência sobre o bem comum, à luta partidária mais reles que nada tem a ver com o processo democrático. As lideranças afirmam-se congregando fações que degeneram, normalmente, em compadrio; os gabinetes ministeriais estruturam-se arregimentando militantes indefetíveis; os corredores do poder são passadeiras rolantes para jovens impreparados iniciarem-se na atividade politico-partidária em troca da subserviência e veneração aos chefes. Os labirintos do poder, quando se revelam no mais íntimo da sua atividade, constituem péssimos exemplos da vida política, económica e até religiosa.

Quem não entende estes procedimentos é o povo – base do poder democrático.

Os recentes acontecimentos político-partidários ocorridos no seio da coligação que nos (des)governa, contribuem sobretudo para a descredibilização dos agentes políticos e da política – atividade nobre e direito de cidadania que cabe a todos exercer.

Não basta que se afirme que o país vive em extrema dificuldade, quando se sabe que os políticos estão cheios de mordomias e de benesses e não sentem na pele o desemprego, a fome, a falta do mínimo indispensável para satisfazer compromissos bancários, ou para pagar as despesas mais básicas de uma família.

O povo sabe, cada vez mais – e a atual crise proporcionou a todos o conhecimento de situações e de privilégios de que nem suspeitava – que os políticos, em geral, são gente que “faz-de-conta”. Subestimam as dificuldades dos mais fracos e quando ouvem os cidadãos é para dar a imagem de que são dialogantes e próximos. Todavia, raramente, compreendem os problemas deles e manifestam só uma opinião que corresponde, normalmente, à do partido ou do governo que apoiam.  O “carreirismo” transforma-os em serventuários e só protestam quando os seus interesses e do grupo que os apoia estão em causa.

Os que manifestam opinião diversa são catalogados como sendo do contra, rejeitados e olhados com suspeição.

Estamos numa conjuntura em que a democracia e a política são palavras que o cidadão comum encara com desconfiança ou desprezo.

Importa regenerar estes conceitos e esta nobre atividade para que os comportamentos de muitos políticos não afetem mais a pouca credibilidade que o povo nutre pelas instituições.

2.- Há dias, responsáveis das Conferências Episcopais Europeias reuniram-se na Polónia e concluíram que “a Europa precisa de alma”. E acrescentaram: “A  Europa é muito mais que um mercado comum, uma sociedade de mais ou menos ricos comerciantes, uma empresa de negócios do 1.º mundo”. “A Europa, para ter futuro, precisa de tratar bem as raízes que lhe deram vida e a fizeram crescer, necessita de cultivar os valores humanos e cristãos da fraternidade e da solidariedade”.

Não deixa de ser estranho que, nos últimos dias, face à instabilidade governativa, a preocupação de alguns economistas se cinja apenas à reação negativa do mercado de capitais e ao aumento das taxas de juro e se desvalorize as terríveis consequências do fracasso da austeridade...

A Europa e o Mundo precisam, urgentemente, que o primado da Alma se implante sobre a tirania do capital.

Esta é a chave para ultrapassar a crise. Cabe às instituições europeias e mundiais esta ingente tarefa, sob pena de males maiores pairarem sobre a humanidade.

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